Carta do Pe. Tomaž Mavrič, CM, por ocasião da festa de São Vicente de Paulo 2022

Aos membros da Família Vicentina através do mundo

 

Queridos irmãos e irmãs,

A graça e a paz de nosso Senhor Jesus Cristo estejam sempre conosco!

Estamos nos aproximando rapidamente do dia da festa de São Vicente, que oficialmente é celebrada em 27 de setembro, porém, devido às circunstâncias locais, a celebração pode ser realizada em um outro dia para permitir a participação de mais pessoas.

Vivenciamos atualmente a retomada dos encontros presenciais, o que nos alegra e nos encoraja, pois, podemos testemunhar, novamente, como Família, como pessoas de fé, participando da Eucaristia e de outras celebrações, que no ano passado, ainda estavam impedidas por causa da pandemia. Esta é outra razão para mobilizarmos todas as nossas forças e talentos para fazer desta solenidade, da festa de São Vicente de Paulo, uma celebração memorável após estes últimos anos em que os encontros tinham sidos bem limitados ou proibidos.

Na verdade, todo o mês de setembro é chamado de mês vicentino. Dependendo da estrutura e da programação da Família Vicentina em cada país, diferentes eventos, encontros e iniciativas podem ser oferecidos ao longo do mês. Estes podem incluir dias de retiro para jovens que discernem uma vocação à vida consagrada, assim como iniciativas de formação e de caridade para aprofundar a nossa espiritualidade e o nosso carisma vicentino. Também convidamos outras pessoas, que talvez não conheçam São Vicente de Paulo e os outros Santos, Bem-aventurados e Servos de Deus da Família Vicentina, para descobrir a nossa espiritualidade e nosso carisma vicentino através de nossas palavras e ações.

A carta deste ano para a festa de São Vicente de Paulo tem como título:  Passar de uma estrutura de “Família Vicentina” a um “Movimento da Família Vicentina”, e Centros vicentinos de espiritualidade e de formação através do mundo.

Há pouco tempo, os coordenadores internacionais das diferentes congregações de vida consagrada e associações leigas vicentinas começaram a se reunir anualmente para estabelecer relações e colaboração mais estreitas, como pertencentes a um grupo com a mesma espiritualidade e carisma, mesmo se cada uma tenha mantido sua especificidade e singularidade. Este grupo começou a ser chamado de “Família Vicentina” e foi simbolizado por uma árvore com muitos ramos. O tronco da árvore, com suas raízes, representa a nossa espiritualidade e o nosso carisma vicentino comum e cada ramo representa uma congregação ou associação particular. É por isso que geralmente usamos a palavra ramos, tendo em mente o belo símbolo da árvore.

A Família Vicentina, esta bela árvore, tem crescido ao longo dos anos e continua crescendo. Quando descobrimos novas congregações e associações leigas que vivem e implementam a espiritualidade e o carisma vicentino, convidamo-las a juntar-se à Família Vicentina, acrescentando assim um novo ramo a esta árvore sempre em crescimento.

Reunir grupos, qualquer que seja sua origem, para um serviço colaborativo, faz parte da tradição vicentina. Consideremos a introdução às Regras para as Senhoras da Caridade da Corte:

A Companhia das Senhoras da Caridade será instituída para honrar Nosso Senhor e a sua santa Mãe e as senhoras que o seguiram e administravam as coisas necessárias à sua pessoa, à sua companhia e por vezes aos grupos que o seguiam e aos pobres; protegendo e ajudando as Companhias da Caridade do Hôtel-Dieu, os Fundadores, os prisioneiros, as meninas das senhoras  Poulaillon e de Lestang, as pobres servas da Caridade das paróquias, as meninas da Madeleine, e todas as boas obras instituídas pelas mulheres neste século[1].

Recentemente, em muitos países da América Central e do Sul, começaram a surgir as chamadas confrarias vicentinas, tais como confraria de advogados, professores, tradutores vicentinos, especialistas em comunicação vicentina, etc. Elas reúnem outras pessoas que vivem a mesma espiritualidade e carisma e se sentem parte da Família Vicentina. É o serviço dos pobres que as une.

Os grupos estruturados de Congregações femininas e masculinas e associações leigas são atualmente 165.  Além disso,  há muitos outros que são atraídos e inspirados pela pessoa de São Vicente de Paulo, dos outros Santos, Bem-aventurados e Servos de Deus da Família Vicentina, mas, que não pertencem oficialmente a nenhum de seus ramos. Eles são atraídos pela espiritualidade e carisma vicentino através de livros, artigos, internet, rádio, televisão e mídia social. Eles desejam aprofundar seu conhecimento da maneira Vicentina de pensar, falar e viver, tornando-se assim participantes ativos do espírito de São Vicente de Paulo, tendo o direito de serem chamados de “Vicentinos”. Já muitas pessoas que não pertencem especificamente a um grupo, pela forma de viver sua vida, de servir, de pensar, de falar e de agir, encarnam o espírito e o carisma vicentino. Vejo aqui o desenvolvimento contínuo da Família Vicentina e desta maravilhosa árvore que está se tornando algo como um “Movimento da Família Vicentina”.

Quais instrumentos podemos utilizar ou já estamos utilizando para oferecer aos grupos estruturados, bem como às pessoas que não pertencem a nenhum grupo da Família Vicentina, encontros espirituais e cursos de formação vicentina e para envolvê-las ativamente em diferentes projetos e iniciativas dentro da Família Vicentina?

Em muitas partes do mundo, isto já é uma realidade ou está se tornando gradualmente. Professores, famílias de estudantes de escolas e universidades vicentinas, ex-alunos dessas diferentes instituições, funcionários de hospitais e centros de saúde, outros funcionários e suas famílias, assistentes sociais, paroquianos de paróquias vicentinas e indivíduos, através de diferentes meios de comunicação ou de outra forma, estão conhecendo o estilo vicentino. O site internacional da Família Vicentina, famvin.org, já oferece muitas ferramentas na área de formação da espiritualidade e do carisma vicentino. Da mesma forma, outros sites da Família Vicentina propõem recursos de formação similares através das mídias sociais a todas as pessoas em qualquer parte do mundo.

Muitas Congregações femininas e masculinas formam os colaboradores leigos em suas respectivas instituições para levar adiante o espírito e o carisma vicentino. Quando as Irmãs, Irmãos e Sacerdotes deixarem uma escola, universidade, hospital, centro de saúde, etc., os colaboradores leigos estarão prontos para continuar os serviços educacionais, de saúde e sociais na tradição vicentina.

Além de todas as pessoas mencionadas acima, há muitos outros grupos ou indivíduos que vivem a espiritualidade e o carisma vicentino, mas que nem sempre estão ligados à Família Vicentina, esta bela árvore! Como podemos ajudá-los?

Esta é a segunda parte do título deste ano para a Festa de São Vicente de Paulo, para organizar “Centros de Espiritualidade e de Formação Vicentina” nos diferentes países do mundo onde a Família Vicentina está presente. Em alguns países, tais Centros Vicentinos de Espiritualidade e de Formação já existem, ou diferentes ramos já oferecem cursos neste campo.

O contato com os Centros existentes nos permitiria saber que material está disponível para toda a Família Vicentina. Podemos então convidar outros países e regiões a abrir Centros Vicentinos de Espiritualidade e de Formação Vicentina onde eles não existem, compartilhando os vários materiais já preparados para os Centros.

São Vicente destacou a necessidade de ser formado para formar os outros, dizendo a um Coirmão:

Louvo a Deus pelo número de eclesiástico que o Senhor Bispo de… nos envia. Não vo-los faltarão, se tomardes o trabalho de os educar no verdadeiro espírito de sua condição, que consiste principalmente na vida interior e na prática da oração e das virtudes cristãs. De fato, não basta ensinar-lhes o canto, as cerimônias e um pouco de teologia moral; o principal é formá-los na verdadeira devoção e na piedade sólida. E para isso, senhor Padre, importa que sejamos os primeiros a nos impregnar delas. Com efeito, seria quase inútil dar-lhes as devidas instruções, sem lhes dar exemplo. Devemos ser como vasos transbordantes, escoando nossas águas sem nos exaurir. Devemos possuir este espírito, com o qual queremos que sejam animados. Na verdade, ninguém pode dar o que não tem[2].

Em novembro deste ano, o Comitê Executivo da Família Vicentina apresentará este tema para discussão em sua reunião anual em Roma.

Gostaria de encorajar todos os coordenadores internacionais, nacionais e regionais dos ramos estruturados desta bela árvore que é a Família Vicentina para convidar o maior número possível de membros das confrarias e os colaboradores que não pertencem a nenhum grupo específico para participar dos diversos eventos que serão organizados nos diferentes países durante o mês de setembro.

Por favor, envie-nos fotos e vídeos das diferentes celebrações organizadas ao longo deste mês de setembro vicentino ou artigos curtos sobre os diversos acontecimentos para estes dois e-mails, e tentaremos compartilhar as informações através de diferentes meios de comunicação.

Javier Fernández Chento : chento@famvin.org

Hugo Marcelo Vera, CM : nuntia@cmglobal.org

Que Nossa Senhora da Medalha Milagrosa, São Vicente de Paulo, todos os Santos, Bem-aventurados e Servos de Deus da Família Vicentina intercedam junto a Jesus, por cada um de nós!

Vosso irmão em São Vicente,

Tomaž Mavrič, CM

[1] Coste XIII, 821. Document 199, Règlement pour les Dames de la Charité de la Cour.

[2] SV, Obras Completas, Vol. IV, p. 664; Carta 1623, a um Superior, de Seminário.